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Outras palavras

Ecossocialismo como norte estratégico

A elevação da temperatura global acima de 2 graus centígrados terá sem dúvida efeitos “hipercatastróficos”, que não se podem comparar com outros eventos históricos (guerras etc.), mas somente com eventos de outras eras geológicas quando, por exemplo, a maioria das costas dos continentes atuais estava sob o mar. Não creio que se possa afirmar que a extinção da espécie humana seja “iminente”. É um perigo real, uma ameaça, mas para as próximas décadas.

O ecossocialismo não é só a perspectiva de uma nova civilização, uma civilização da solidariedade – no sentido profundo da palavra, solidariedade entre os humanos, mas também com a natureza –, é ao mesmo tempo uma estratégia de luta, desde já, aqui e agora. Não se trata de esperar até o dia em que o mundo se transforme, mas de começar desde já, nesse instante, a lutar por esses objetivos.

 

Michael Löwy, 2017

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Ecofeminismo: igualdade de direitos e sustentabilidade radical

O ecofeminismo é vertente do movimento feminista que conecta a luta pela igualdade de direitos e oportunidades entre homens e mulheres com a defesa do meio ambiente e sua preservação.


Nesse conteúdo, vamos falar como o movimento surgiu, as diferentes linhas de pesquisa nesse assunto e também algumas organizações que hoje em dia estão lutando para preservar tanto a natureza quanto os direitos das mulheres. Ainda, você vai descobrir definições do ecofeminismo, pesquisadoras que se especializaram nesse tema e algumas das soluções que o movimento propõe para alcançar uma sociedade mais sustentável e igualitária.


O que é o ecofeminismo


Para entrar no assunto, é importante entender que devido a uma combinação de fatores sócio-econômicos, culturais e biológicos, as mulheres muitas vezes são mais afetadas pela devastação do meio ambiente do que os homens.


Por exemplo, segundo a ONU, as mulheres representam 80% do total de pessoas que são obrigadas a deixar seus lares e refugiar-se em outros lugares como consequência das mudanças climáticas. Isso acontece porque as mulheres têm maior probabilidade de viver em condições de pobreza e menor poder socioeconômico, o que por fim faz com que tenham mais dificuldades em se recuperar de situações extremas como desastres naturais.


“Dados mostram que mulheres, especialmente mulheres pobres da zona rural de países com menor desenvolvimento que são chefes de família, sofrem prejuízos desproporcionais causados por problemas ambientais como desmatamento, poluição da água e toxinas ambientais”, explica o artigo Feminist Environmental Philosophy, parte da Enciclopédia de Filosofia de Stanford, que se dedica a apresentar a relação entre o ambientalismo e o feminismo.


Essa conexão é a base do ecofeminismo, um movimento que busca o equilíbrio entre o ser humano e a natureza, fomentando a colaboração ao invés da dominação e respeitando todas as formas de vida.


Embora sejam as mais afetadas, ironicamente, as mulheres são as que menos responsabilidade têm na devastação do meio ambiente. Um relatório divulgado pelo Fundo para População das Nações Unidas mostra que as mulheres mais pobres em países menos desenvolvidos são as principais afetadas pelo clima e ao mesmo tempo são as que menos contribuem para o aquecimento global. Justamente por ganharem menos, as mulheres em geral têm um papel menor na contaminação e destruição dos ecossistemas.


“Como muitas conferências das Nações Unidas e relatórios criados por numerosas ONGs apontam, mulheres são as primeiras vítimas da deterioração do meio ambiente, mas também são elas as que tomam papeis chave para a defesa da natureza”, explica a filósofa Alicia Puleo em seu livro “What is Ecofeminism?.


O surgimento do ecofeminismo


Seguindo a ideia de Puleo, muitas mulheres decidiram tomar as rédeas pela defesa tanto de seus corpos como do ambiente que as rodeia e o ecofeminismo é uma das consequências desse empoderamento. Isso porque as ecofeministas enxergam uma raiz em comum entre as causas da destruição do meio ambiente e a degradação da mulher, e ao lutar contra esse sistema poderiam conseguir melhores condições para todos.


Uma história de luta


Nos anos 70, a feminista francesa Françoise d’Eaubonne criou esse termo, ecofeminismo, para explicar como a luta pelos direitos das mulheres está relacionada com as reivindicações por um mundo mais sustentável. Naquele momento, d’Eaubonne defendia questões como o direito ao controle de natalidade, argumentando que a superpopulação do planeta que já começava a ameaçar o meio ambiente era fruto da insistência do patriarcado em controlar os corpos das mulheres.

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Um sistema, dois problemas

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Seguindo seus passos, muitas ativistas começaram a questionar, discutir e relacionar temas ambientais e de gênero, gerando propostas de como o ecofeminismo poderia enriquecer ambos os movimentos.


Um exemplo é o trabalho das pesquisadoras Maria Mies e Vandana Shiva, da Alemanha e Índia, respectivamente. Elas se dedicam a explicar como o patriarcado capitalista que rege o sistema político, social e econômico a nível global é o grande responsável pela destruição do planeta, assim como pela falta de direitos e oportunidades por parte das mulheres.


Segundo elas, esse sistema tem a tendência de polarizar a realidade, gerando um ambiente de competição contínua. Homem vs mulher, progresso vs natureza, ser humano vs animal, e por aí vai. Esse clima de disputa contribui para a subordinação da natureza e da mulher perante o homem com base na crença do “poder do mais forte”, ou seja, para que um grupo possa se desenvolver é preciso dominar e subordinar outros.


“Essa estrutura se criou, cresceu e se mantém através da colonização da mulher, de populações originárias e suas terras e da natureza, que é gradualmente destruída”, defendem elas em seu livro EcoFeminism.


O que as ecofeministas propõem?


Ecofeministas em todo o mundo propõem uma nova perspectiva que reconheça que a vida na sociedade e sua relação com a natureza deveria se fundamentar na cooperação. Para essas ativistas, embora o mundo esteja acostumado ao capitalismo e suas estruturas econômicas, existem opções alternativas cujo foco está em relacionar-se com a natureza de outra maneira.


A agricultura e produção de alimentos livres de poluentes, a conservação e preservação de habitats naturais e ecossistemas, a migração à formas de energia não baseadas em carbono são algumas das propostas que desafiam o modelo atual.


“Desta forma, uma visão alternativa da atividade econômica deverá ser a satisfação das necessidades de todos dentro dos limites do planeta, em vez de um crescimento ilimitado custe o que custar”, defende a ativista Zo Randriamaro, dando como exemplos práticas que envolvem donativos, trocas e produção para autoconsumo.


Várias organizações estão dando voz a esses modelos alternativos e apresentando dados que os justificam. Por exemplo: Women’s Voices for the Earth nos Estados Unidos, Women’s Environmental Network na Europa, WoMin na África e Rede de Desenvolvimento Humano no Brasil trabalham para difundir os problemas ambientais que enfrentamos e sua relação com o feminismo, assim como pelo avanço nestes dois aspectos.

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REFERÊNCIAS

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Maria Mies e Vandana Shiva: Ecofeminism

La Diaria: perspectivas ecofeministas no Uruguai

Alicia H. Puleo: what is ecofeminism

Stanford Encyclopedia of Philosophy: Feminist Environmental Philosophy


(Regiane Folter, do Portal Politize!)

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Animalismo: viva e deixe viver

A violência contra os animais não-humanos é um ataque direto à natureza humana. Assim, lutar contra todos os tipos de maus-tratos animais é um ato de rebelião política contra uma sociedade que explora seres sencientes de outras espécies. Isso faz do animalismo uma questão política que diz respeito a todos. Urge, portanto, politizar a causa animal, levando o debate sobre a exploração animal para a esfera pública.

 

Junto com o capitalismo, o colonialismo e o patriarcado, o especismo - discriminação contra quem não pertence a uma determinada espécie - tem funcionado como um padrão de poder global que hierarquizou a diferença, buscando obter o maior valor possível dessa diferença explorada. Animais não humanos historicamente expostos à crueldade, encontraram solidariedade por algumas décadas de um movimento que por meio de seus repertórios de resistência conseguiu questionar o antropocentrismo reinante, herdado da colonialidade da natureza.

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A filósofa francesa Corine Pelluchon, na obra Manifeste animaliste (2017), lança as bases de uma teorização sobre o tema e de um programa mobilizador a partir de uma argumentação pragmática, no campo da filosofia política, que pretende apontar os caminhos para a politização do movimento.

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O animalismo é um movimento que defende os direitos das espécies e da exploração animal por meio de uma ética biocêntrica, que respeita a vida de todos os seres sencientes da Terra. Muitos animalistas defendem o veganismo e a educação não violenta como base moral da posição dos direitos animais.

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Para Peter Singer, grande número de animais são suficientemente semelhantes aos humanos, quando se adota o critério da senciência ou consciência, com ênfase na capacidade de sofrer dor e ter prazer, merecendo uma consideração moral semelhante. Os animais sencientes não devem ser instrumentalizados pela racionalidade capitalista, mas sim devem ser sujeitos de direito.

 

A Rede Sustentabilidade encampa a luta animalista, se propondo a mobilizar e agir em defesa dos animais, defendendo medidas de salvaguarda do seu bem-estar e liberdade e opondo-se a atividades que envolvam algum tipo de sofrimento ou exploração animal.

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LGBTQIA+ e os muitos tons do arco-íris

A Rede Sustentabilidade luta pelo reconhecimento e pela representatividade de pessoas LGBT.

 

Assim como a Rede mantêm um Elo Diversidade, voltado para a causa LGBT, existem entidades, organizações e representantes voltados à sua luta pelo mundo todo. O principal valor defendido pelo movimento é a diversidade, questionando os padrões historicamente estabelecidos como forma de ser e amar.

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Por meio de ativismo político e social, o movimento articula-se para promover pautas como a igualdade social, conscientização e inclusão. Marchas de rua, assim como intervenções na mídia, artes e pesquisas acadêmicas são exemplos de iniciativas adotadas.

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Os significados de “LGBT” na luta por visibilidade 


O termo “LGBT” passou a ser usado nos anos 90, sendo a sigla para Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis ou Transexuais. Antes disso, ao longo dos anos 80, qualquer pessoa pertencente com o comportamento desviante da heterosexualidade era referido apenas como “gay”. Como o movimento busca dar mais visibilidades às diferenças, ao contemplar novas identidades de gênero e orientação sexual algumas novas letras foram sendo incluídas ao longo do tempo.

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As siglas mais recentes e o seus significados (QIA+)


As questões da identidade sexual e de gênero são o pano de fundo para a diversidade e a inclusão, promovendo a reflexão de como lidamos com as diferenças socialmente. Ao longo dos anos, como forma de abraçar diferentes perfis dentro da sua luta, o movimento incluiu novas siglas. Essa mudança é importante por promover a visibilidade de grupos marginalizados viabilizando, entre outras coisas, políticas públicas de inclusão e proteção.

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A Teoria Queer e a fluidez do gênero 


O “Q” vem da expressão queer, referente às pessoas que não se identificam com o modelo de heteressexualidade nem binarismo de gênero (feminino x masculino). Em meados dos anos 80, os estudos da filósofa Judith Butler deram origem a Teoria Queer, na qual o gênero é algo fluído, uma construção social sustentada por crenças arbitrárias. Ser homem ou ser mulher são comportamentos do senso comum que causam desconforto coletivo quando fora dos padrões esperados.

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Os intersexuais e padronização forçada do corpo 


“I” de intersexuais, usada para designar pessoas que nascem com características sexuais tanto da estrutura biológica feminina como masculina. O que geralmente acontece em casos como esses são as adaptações do corpo, quando ainda bebê, para o gênero mais desenvolvido. Existe uma discussão envolvendo as intervenções médicas, com acompanhamento hormonal ao longo dos anos, mesmo sem necessidades de saúde. Muitas crianças passam por processos dolorosos e complexos, que ignoram como elas se identificam, fundamentados apenas na “padronização do corpo”.

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A diversidade sem restrições na forma de amar 


“A” inclui os ditos “assessuxais”, uma condição em que a pessoa não possui interesse sexual algum. Existem diversas nuances de assexualidade, como os que buscam romance mas sem atração. Ou seja, algumas pessoas chegam a estabelecer relacionamentos que ultrapassam a barreira da amizade sem envolver sexo. Trata-se de uma forma de amar e, como todas, o que vale é o comum acordo de permanecer juntos.

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Inclusão de novos grupos e expansão do movimento 


O “+” abrange as pessoas que se sintam incluídas ou representadas pelo movimento, mesmo sem identidade expressa pelas demais siglas. Isso inclui minorias, simpatizantes e familiares apoiados no tema da diversidade. Dentro das discussões relacionadas ao movimento, questões sérias como a violência e discriminação chamam cada vez mais defensores da causa.

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Avanços e desafios na luta pela diversidade 


No Brasil, recentemente, o Supremo Tribunal Federal determinou que a conduta de discriminação motivada pela orientação sexual e identidade de gênero deve ser considerada crime. Diante de uma grande demora legislativa nas tramitações sobre o tema, a Lei de Racismo 7716/89 passou a punir a prática até uma norma específica ser definida. A iniciativa foi vista como uma vitória pelo movimento, mas há um consenso de que muitas mudanças ainda precisam ser feitas.

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